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quarta-feira, maio 04, 2005

Adriana, a amiga do Clóvis.

(texto baseado nas Aventuras de Clóvis Camargo, de Michel Seadini)

Escrito por: Fabíola Cunha

Adriana Teixeira foi uma criança esquisita. Mal começou a andar, descobriu que não gostava de outras crianças. Rodeava os pais e os amigos dos pais, ouvia as conversas e não conseguia brincar sem contextualizar os fatos: no pega-pega, queria explicar o porquê de ter sido pega. No esconde-esconde, pensava tanto antes de procurar um local pra ficar que era descoberta sempre, no meio do caminho.
Aprendeu a usar a expressão “é óbvio” antes de ler e escrever. Quando leu e escreveu pela primeira vez, descobriu que isso era mais divertido do que brincar. Cresceu, entrou na adolescência e descobriu que não gostava de adolescentes, meninos ou meninas. E fazia tudo ao contrário: quando os quadris e os seios surgiram ela passou a usar calças de skatista e camisetas largas.
O rosto não tinha mais do que duas espinhas por ano, e sua mãe – como toda mãe, pelo amor de deus – anunciava o fato como “um milagre”. Ela se trancou no quarto e só saiu de lá pra mudar de cidade. É claro que isso é um exagero, ela saía do quarto algumas vezes pra brigar com os pais e roubar cigarros deles.
Na faculdade ela descobriu que havia tantas meninas como ela quanto grãos de areia no mar. E descobriu que não era boa com metáforas. E que tinha passado muito tempo bancando a adulta e agora queria brincar e dar risada.
Então ela encontrou o Clóvis. E não gostou dele nem um pouco. O Clóvis queria comer todo mundo e a Adriana vivia brigando com ele e discursando sobre a valorização do ser e a triste banalização dos sentimentos e relacionamentos. Entre uma briga e outra eles viraram amigos. E o Clóvis vivia perguntando como ser um cara mais gentil e sensível e a Adriana vivia fumando cigarros e tomando cafés e aconselhando o Clóvis.
O Clóvis também aconselhava a Adriana, sobre como ser mais solta e mais divertida. Tornou-a uma pessoa mais sociável, quase uma garota adorável. E os dois trocavam confidências sobre suas decepções em segredo, mas não baixavam a guarda em público, é óbvio. Porém, ele não conseguiu convencê-la de que o Big Brother era um programa divertido, mas ela começou a gostar de “Pânico na TV” e agora fica sem fôlego de tanto rir do Gluglu.
O Clóvis era o “comédia” e a Adriana a “enfezada”. A Adriana até arranjou um namorado, graças aos esforços do Clóvis em convencê-la de que paquerar e ser paquerada não é sinônimo de futilidade. Mas ele só conseguiu isso porque o pretendente era tão ou mais cabeçudo* que a Adriana. Um milagre.
Agora é a Adriana que tenta arranjar uma namorada pro Clóvis, entre tantas gurias que, a princípio, ela sempre considera cabeças-ocas. Mas ela se esforça, analisando em silêncio a conjuntura dos possíveis defeitos e aparentes qualidades das gurias e fazendo um relatório pro Clóvis, que ouve e concorda um pouco e ri do resto. E os dois brindam com cerveja e amendoim.
Mas essa história não tem fim. Porque o cabeçudo namorado da Adriana também é amigo do Clóvis e gosta de aconselhá-lo também, então é mais provável que o Clóvis vire um cabeçudo do que arranje uma namorada.

*cabeçudo: pessoa que sabe/acha que sabe/finge que sabe de um monte de coisas e prefere ficar em casa lendo um livro do Niestzche do que sair com os amigos. Quase sempre tem traços de depressão na personalidade, mas sabe rir de si mesmo como ninguém.

OBS: Se esses personagens fossem reais, a Adriana seria a Fabíola (Que escreve muito bem, mas se recusa a entrar no Universo Bloguístico), o namorado cabeçudo da Adriana seria o Vici e o Clóvis seria um tal de Michel Seadini, mas como essa obra é pura ficção...