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sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Três dias e três cenas

Eu não gosto de sair às ruas e me deparar com a realidade. Prefiro o conforto da minha casa ou da minha mesa de escritório. Quando se está trancado, em seu mundo, as coisas tristes do nosso dia-a-dia ficam mais distantes.
Nestes últimos três dias me deparei com três cenas que me tocaram demais.

1ª CENA:
Quarta-feira, 16/02/05, por volta das 17h, estava voltando de um cliente e vi um movimento de pessoas na rua. Um carro estava parado numa das pistas, dando proteção para a velhinha que acabara de ser atropelada. Ela estava caída de bruços e parecia definhar aos poucos. Respirava com muita dificuldade. O carro que havia atropelado a Velha estava parado mais à frente e um homem andava de um lado para o outro desesperado. Uma garota com o uniforme do Colégio ligava para o Resgate.
Pensei que só atrapalharia se parasse ali e segui em frente, refletindo sobre como tudo pode se esvair de um momento pro outro. Inclusive, comentei sobre isso com uma pessoa muito querida no telefone.
No dia seguinte descobri que a velhinha chama-se Inês Ap. de Menezes e faleceu à caminho do hospital.

2ª CENA:
Quinta-feira, 17/02/05, por volta das 19h15, eu estava indo para a faculdade. Quando passava por uma pequena estrada que serve de acesso ao Campus, comecei a receber sinais de farol alto. Em princípio pensei que fosse pelo fato do meu carro estar sem a placa dianteira, mas logo pude perceber o que houve: quase não se enxergava a Belina marrom em meio ao fogo e a fumaça. Ainda me assustei com uma pequena explosão no exato momento em que ultrapassava o carro em chamas. Enquanto isso um homem tentava inutilmente apagar o fogo com um extintor de carro.
Um senhor, duas senhoras e o nítido abatimento junto ao acostamento.

3ª CENA:
Sexta-feira, 18/02/05, aproximadamente 11h45 e um sol de 30 graus. Parei no semáforo e um sujeito simpático me abordou com uma caixa de drops na mão. Calmo, sem se fazer de vítima, ele me ofereceu o “freegels” por um real. Disse que precisava ajudar os irmãos mais novos que estavam com fome. Diferente da maioria das pessoas que encontro nos semáforos, esse sujeito me pareceu sincero e confiável. Não tinha um real, mas deu uma moeda de 50 centavos e não pedi nada em retribuição. Enquanto minha mente viajava nos bons modos do sujeito, olhei no retrovisor e pude ver ele batendo no vidro de um Honda Civic. Dentro do carro, refrescando-se em seu ar-condicionado, estava uma madame, com olhar de nojo, mas sem coragem de encarar o sujeito.
O sinal esverdeou e a madame arrancou. Sem se importar com o sujeito que derretia no sol.

A realidade dói demais. Melhor ver tudo pela TV, trancado, no conforto do teu lar.