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quinta-feira, junho 09, 2005

Dona Maria

Texto de: Fabíola Cunha

Dona Maria se matou nessa madrugada. Cortou os pulsos com uma faca de cozinha. Em uma cidade como aquela, o suicídio é algo que leva todos às janelas e quintais, pra espiar o corpo da morta ser retirado da casa. Numa cidade como aquela, suicídio também é coisa de gente louca e perdida.

Em uma cidade como aquela, todos vão ao velório pra saber mais detalhes do porquê do corpo no caixão. Se não tivesse se matado, ninguém se lembraria da Dona Maria.

Ela foi faxineira lá em casa por 10 anos. Uma mulher negra gorducha, de sorriso grande: muito de Tia Anastácia. Eu nem lembrava mais dela, a velha Dona Maria não trabalhava mais como faxineira lá em casa, mas agora que ela cortou os pulsos eu me lembro muito bem. Acordava de manhã e lá estava ela na garagem, lavando o chão como uma vassourinha e com aquele lenço florido na cabeça.

"Bom dia Dona Maria!"

"Bom dia Fabíola, que calor, né?" E ria, ria bastante.

Minha mãe conversava com ela sobre coisas que eu não me lembro e ela conversava comigo sobre coisas que me lembro menos ainda.

Hoje minha mãe ligou pra contar que a Dona Maria estava morta. "Suicidou-se!". E Dona Olga, minha mãe, já fez suas rocambolescas associações: Dona Maria gostava de feitiço, brigava com o marido e os filhos só davam desgosto. Suicidou-se então.

Naquela cidade todo mundo fala dos suicidas com a voz baixa, como se alguém não aprovasse a lembrança. Meu tio avô se matou com um tiro no ouvido, o tio da minha amiga disparou contra a cabeça e o irmão do meu professor atirou no céu da boca.

De todos eles só se diz que "Foi uma tristeza, que judiação!". A Dona Maria, coitada, entrou pra coleção.

24/05/05