O vento vai dizer, lento, o que virá.

- Adivinha. Tá amanhecendo, João. Céu mudando de tom. Outra vez.
- Eu sei, Maria. O sol que nasce diante dos teus olhos é o mesmo que invade minha janela.
E sabe por quê? Porque somos o mesmo sol, o mesmo espaço, o mesmo sonho.
- Eu quero beijo na boca. Quero abraço imprensado, forte, grande e morno.
Eu te quero mais perto, colado nem que seja uns minutos.
Olho no olho. Cheiro com cheiro. Cor com cor. Gosto com gosto.
Saber o que é. O que pode ser.
- Segura aquela pontinha ali, Maria. Deixa todo o resto comigo. E quando o vento colocar-te diante de mim, não haverá mais tempestades. O vento nos levará juntos, abraçadinhos. E quando o outro sol amanhecer, eu vou te dar o beijo mais bonito, Maria.
- Eu estou com medo, João.
- Segura a minha mão, Maria. Eu tô cuidando de tudo.
- Você regou o jardim?
- Sim. Aquela rosa tá quase desabrochando. Quando você vier, ela estará linda.
- Eu já tô indo, eu já tô indo.
- E eu tô vindo contigo. Sabe esse calor que você está sentindo? Sou eu aí contigo.
- Jura? Eu tô indo ali no bosque esperar o vento passar.
- Tá. E eu vou pedir pro sol vir junto.

Escrito por Maria, só Maria e Michel Seadini.